O setor de seguros no Brasil registrou um crescimento de 12,2% em 2024, alcançando, pela primeira vez, uma arrecadação superior a R$400 bilhões. Segundo matéria divulgada pelo Valor Econômico, as emissões de prêmios totalizaram R$435,5 bilhões, frente aos R$388 bilhões registrados em 2023.
A evolução “reflete um ambiente de negócios mais consolidado, com maior adesão dos consumidores e avanços regulatórios que contribuem para a transparência e o crescimento sustentável do mercado”, diz Alessandro Octaviani, superintendente da Susep.
Para este ano, o mercado projeta um crescimento mais moderado para o setor. Enquanto a possível alta dos juros pode favorecer os resultados financeiros, as seguradoras enfrentarão desafios como o impacto da inflação e a valorização do dólar, que podem dificultar a prospecção de novos clientes e elevar o custo dos insumos. “Deve ser um período de avanços mais modestos no setor, de 5% a 9%”, estima Gabriel Purkyt, sócio do Boston Consulting Group (BCG), especializado na área.
O setor, de modo geral, mantém um tom otimista, embora com algumas preocupações. Eduardo Dal Ri, diretor-presidente do Grupo HDI no Brasil, destaca dois pontos de atenção. O primeiro é a alta nos preços dos insumos, como o combustível para guinchos, além do aumento da mão de obra para reparos em automóveis e residências. O segundo é o impacto que a elevação dos juros poderá ter sobre o setor produtivo. “Ainda não é totalmente claro quanto poderá influenciar na compra de veículos novos, nos projetos das empresas ou na compra de casas”, diz.
A Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) projeta um crescimento de 8,8% para o setor em 2025, excluindo o segmento de saúde suplementar. Caso a estimativa se confirme, será a primeira vez em quatro anos que o avanço ficará abaixo de 10%. Desde 2021, o mercado de seguros tem registrado expansão de dois dígitos anualmente. A expectativa de um “pouso suave” em 2025 deve impactar os resultados, conforme destacou Dyogo Oliveira, presidente da CNseg, em dezembro.
A matéria divulgada pelo Valor Econômico aponta que entre os destaques positivos para o próximo ano estão os seguros para pessoas, incluindo o seguro de vida. Esse segmento foi um dos mais impactados pela pandemia da covid-19, devido ao aumento nos sinistros. No entanto, com a estabilização do cenário, cresceu o interesse dos brasileiros por produtos de proteção financeira.
Nos dez primeiros meses de 2024, os seguros de pessoas registraram um crescimento de aproximadamente 17%. Segundo a CNseg, esse avanço foi impulsionado principalmente por dois produtos: o seguro vida inteira e o seguro prestamista, que garante o pagamento de prestações em caso de eventos como desemprego, acidente ou falecimento do segurado. Para 2025, a projeção da entidade indica um crescimento de cerca de 9,5% na arrecadação desse segmento.
Por outro lado, o seguro de automóveis teve um desempenho abaixo do esperado em 2024. O volume de prêmios emitidos cresceu 2,9% entre janeiro e outubro, totalizando R$47,58 bilhões no período, de acordo com a Susep. Para o ano completo, a CNseg projeta um avanço de apenas 2,1%. No entanto, a expectativa para 2025 é de uma recuperação mais expressiva, com crescimento estimado de 4,3% na emissão de prêmios.
“No pós-pandemia, o aumento do preço dos [carros] usados acabou acarretando no aumento das importâncias seguradas, o que acabou não acontecendo em 2024”, diz Rivaldo Leite, da Porto.
Dal Ri, do Grupo HDI, destaca que os preços dos seguros passaram por uma “pequena acomodação” após a alta registrada na segunda fase da pandemia de Covid-19, impulsionada pelo aumento dos custos devido à escassez de veículos novos e peças. “Em 2025, esperamos um aumento de 3% a 7%, um reposicionamento que vai acompanhar o aumento da inflação”, afirma.
Purkyt observa que a concorrência por preços tem grande chance de se intensificar em 2025. Isso porque as seguradoras podem buscar ampliar sua participação no mercado, impulsionadas pelo impacto positivo da alta dos juros na linha financeira. “Uma vez que elas enxergam que terão um retorno financeiro melhor, tendem a ser mais agressivas no preço”, diz ele.
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